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sábado, 2 de junho de 2012

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo VII - 7, 8, 9 e 10 - Bem-aventurados os Pobres de Espírito

Mistérios ocultos aos sábios e aos prudentes

7. Disse, então, Jesus estas palavras: Graças te rendo, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos sábios e aos prudentes e por as teres revelado aos simples e aos pequenos. (S. Mateus, 11:25)

8. Pode parecer singular que Jesus renda graças a Deus por haver revelado estas coisas aos simples e aos pequenos que são os pobres de espírito, e por as ter ocultado aos sábios e aos prudentes, mais aptos, na aparência, a compreendê-las. É que se deve entender, pelos primeiros, os humildes, aqueles que se humilham diante de Deus e não se consideram superiores a todo o mundo: e, pelos segundos, os orgulhosos, envaidecidos do seu saber mundano, que se julgam prudentes porque negam e tratam a Deus de igual para igual, quando não se recusam a admiti-lo, porque, na Antiguidade, sábio era sinônimo de douto. É por isso que Deus lhes deixa a pesquisa dos segredos da Terra e revela os do céu aos simples e aos humildes que se inclinam diante dele.

9. Assim ocorre hoje com as grandes verdades reveladas pelo Espiritismo. Alguns incrédulos se admiram de que os Espíritos façam tão poucos esforços para os convencer: é que estes últimos se ocupam dos que procuram a luz com boa fé e com humildade, de preferência aos que se supõem na posse de toda a luz e imagina, talvez, que Deus deveria ficar muito feliz de os conduzir a Ele, provando-lhes a sua existência.

O poder de Deus se manifesta nas pequeninas coisas, como nas maiores. Ele não põe a luz debaixo do alqueire, mas a derrama em ondas por toda parte, de modo que só os cegos não a vêem. Deus não quer abrir os olhos deles à força, já que lhes apraz mantê-los fechados. Chegará a sua vez, mas antes é preciso que sintam as angústias das trevas e reconheçam Deus, e não o acaso, na mão que lhes fere o orgulho. Para vencer a incredulidade, Deus emprega os meios mais convincentes, conforme os indivíduos. Não cabe ao incrédulo prescrever-lhe o que deva fazer, nem dizer: "Se queres me convencer, deves proceder dessa ou daquela maneira, em tal ocasião e não em tal outra, porque essa ocasião é a que mais me convém".

Não se espantem, pois, os incrédulos de que nem Deus, nem os Espíritos, que são os agentes da sua vontade, se submetam às suas exigências. Perguntem a si mesmos o que diriam, se o último de seus servidores quisesse impor-se a eles; Deus impõe condições, mas não se submete às dos outros; escuta com bondade os que se dirigem a Ele com humildade não os que se julgam mais que Ele.

10. Perguntar-se-á: Deus não poderia tocá-los pessoalmente, por meio de sinais retumbantes, diante dos quais se inclinassem os incrédulos mais endurecidos? Sem dúvida que o poderia: mas, nesse caso, onde estaria o mérito deles e, ademais, para que serviria isso? Não se Vêem todos os dias criaturas que recusam a evidência, chegando até mesmo a dizer: "Ainda que eu visse, não acreditaria, porque sei que é impossível?". Se esses se recusam a reconhecer a verdade, é porque o seu espírito ainda não está maduro para compreendê-la, nem o coração para senti-la. O orgulho é a venda que lhes obscurece a visão. De que vale apresentar a luz a um cego? É preciso, pois, que se cure antes a causa do mal. É por isso que, médico hábil que é, Deus castiga primeiramente o orgulho. Não abandona seus filhos perdidos, por saber que, cedo ou tarde, seus olhos se abrirão, mas quer que o façam de livre vontade, quando, vencidos pelos tormentos da incredulidade, atirar-se-ão por si mesmos em seus braços, a pedir-lhe perdão, quais filhos pródigos. - Lacordaire. (Constantina, 1863.)



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