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domingo, 3 de junho de 2012

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo VII - 11 - Bem-aventurados os Pobres de Espírito

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

O orgulho e a humildade

11. Que a paz do Senhor esteja convosco, meus caros amigos! Venho até vós para vos enconrajar a seguir o bom caminho.

Aos pobres de espírito que outrora habitaram a Terra, Deus conferiu a missão de vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos concede de podermos auxiliar o vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a tornar compreensível a minha palavra, concedendo-me a graça de pô-la ao alcance de todos! Vós encarnados, todos que vos achais em prova e buscais a luz, que a vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la bilhar aos vossos olhos!

A humildade é uma virtude muito esquecida entre vós. Os grandes exemplos que vos foram dados pouco são seguidos. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! Não, pois este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente e os conduz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos daquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que o fez tão grande e o colocou acima dos profetas.

O orgulho é o terrível adversário da humildade. Se o Cristo prometia o reino dos céus aos mais pobres, é porque os grandes da Terra imaginam que os títulos e as riquezas são recompensas devidas aos seus méritos, e que sua essência é mais pura que a do pobre. Julgam que têm direito a tais coisas, razão pela qual, quando Deus as retira, o acusam de injustiça. Oh! zombaria e cegueira! Deus vos distingue pelos corpos? O envoltório do pobre não é da mesma essência do do rico? Porventura o Criador terá feito duas espécies de homens? Tudo o que Deus faz é grande e sábio. Nunca lhe atribuais as idéias concebidas por vossos cérebros orgulhosos.

Ó rico! Enquanto dormes em teus aposentos dourados, ao abrigo do frio, não sabes que milhares de irmãos teus, que valem tanto quanto tu, jazem sobre a palha? O infeliz que passa fome não é teu igual? Ao ouvires isso, bem o sei, revolta-se o teu orgulho. Concordarás em dar-lhe uma esmola, mas em lhe apertar fraternalmente a mão, jamais! "O quê! dirás, eu, de sangue nobre, grande da Terra, serei igual a este miserável coberto de andrajos? Vã utopia de pretensos filósofos! Se fôssemos iguais, por que Deus o teria colocado tão baixo e a mim tão alto?" É verdade que as vossas vestes não se assemelham: mas, se ambos vos despissem, que diferença haveria entre vós? A nobreza do sangue, dirás. A Química, porém, ainda não encontrou nenhuma diferença entre o sangue de um grão-senhor e o de um plebeu; entre o do senhor e o do escravo. Quem te garante que também tu já não tenhas sido miserável e infeliz como ele? Que também não hajas pedido esmola? Que não a pedirás um dia a esse mesmo a quem hoje desprezas? Serão eternas as riquezas? Não se acabam com a extinção do corpo, envoltório perecível do teu Espírito? Oh! lança um pouco de humildade sobre ti mesmo! Procura atentar sobre a realidade das coisas deste mundo, sobre o que dá lugar ao engrandecimento e ao rebaixamento no outro; lembra-te de que a morte não te poupará, como a nenhum homem; que os títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterra no teu orgulho, oh! quanto então eu te lamento, pois que serás digno de piedade!

Orgulhosos! Que éreis antes de serdes nobres e poderosos? Talvez estivésseis abaixo do último dos vossos criados. Curvai, portanto, as vossa frontes altaneiras, que Deus pode abaixar no momento em que mais as elevardes. Todos os homens são iguais na balança divina; só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os Espíritos são da mesma essência e todos os corpos são formados com a mesma massa; vossos títulos e vossos nomes não os modificam absolutamente; ficam no túmulo e não são eles que darão a felicidade prometida aos eleitos. A caridade e a humildade são os seus títulos de nobreza.

Pobre criatura! És mãe, teus filhos sofrem: sentem frio, têm fome, e tu vais, curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te, para lhes conseguires um pedaço de pão. Oh! eu me inclino diante de ti. Como és nobre, santa e grande aos meus olhos! Espera e ora: a felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres e oprimidos que nele confiam, Deus concede o reino dos céus.

E tu, minha jovem, pobre criança lançada ao trabalho, às privações, por que esses tristes pensamentos? Por que choras? Que teus olhos se voltem, piedosos e serenos, para Deus: Ele dá alimento aos passarinhos. Confia nele; Ele não te abandonará. O ruído das festas, dos prazeres do mundo faz bater o teu coração: também desejavas adornar de flores os teus cabelos e misturar-te aos venturosos da Terra. Dizes a ti mesma que poderias, como essas mulheres que vês passar, levianas e risonhas, ser rica também. Oh! cala-te criança! Se soubésseis sob esses vestidos bordados, quantos soluços são abafados pelo ruído dessa orquestra feliz, preferirias o teu humilde retiro e a tua pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus se não queres que teu anjo da guarda volte para Ele cobrindo o semblante com as suas brancas asas e deixando-te com os teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficarias perdida, enquanto esperas a punição no outro.

Todos vós que sofreis as injustiças dos homens, sede indulgentes para as faltas dos vossos irmãos, refletindo que vós mesmos não vos achais isentos de culpas: isso é caridade e, também, humildade. Se sofreis pelas calúnias, curvai a cabeça sob essa prova. Que vos importam as calúnias do mundo? Se a vossa conduta é pura, Deus não pode vos recompensar por isso? Suportar com coragem as humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e poderoso.

Oh! meu Deus, será preciso que o Cristo volte novamente à Terra para ensinar aos homens as tuas leis, que eles esqueceram? Deverá Ele ainda expulsar os vendilhões do templo, que corrompem a tua casa, destinada unicamente à oração? E, quem sabe? ó homens! se Deus vos concedesse essa graça, não o renegaríeis como outrora! Se não o chamaríeis de blasfemador porque abateria o orgulho dos modernos fariseus! É bem possível que o fizésseis percorrer novamente o caminho do Gólgota.

Quando Moisés subiu ao monte Sinai para receber os mandamentos de Deus, o povo de Israel, entregue a si mesmo, abandonou o verdadeiro Deus. Homens e mulheres deram o ouro e as jóias que possuíam para que se fizesse um ídolo que passaram a adorar. Homens civilizados, estais agindo como eles.O Cristo vos deixou sua doutrina, deu-vos o exemplo de todas as virtudes e tudo abandonastes, exemplos e preceitos. Concorrendo para isso, com as vossas paixões, fizestes um Deus de acordo com a vossa vontade: segundo uns, terrível e sanguinário; segundo outros, indiferente aos interesses do mundo. O Deus que fabricastes é ainda o bezerro de ouro que cada um adapta aos seus gostos e às suas idéias.

Despertai, meus irmãos, meus amigos. Que a voz dos Espíritos vos toque os corações. Sede generosos e caridosos, sem ostentação, isto é, fazei o bem com humildade. Que cada um vá demolindo aos poucos os altares erguidos ao orgulho. Numa palavra, sede verdadeiros cristãos e tereis o reino da verdade. Não duvideis mais da bondade de Deus, quando dela Ele vos dá tantas provas. Vimos preparar os caminhos para que as profecias se cumpram. Quando o Senhor vos der uma manifestação mais retumbante da sua clemência, que o enviado celeste já vos encontre formando uma grande família: que os vossos corações, mansos e humildes, sejam dignos de ouvir a palavra divina que Ele vos vem trazer; que o eleito não encontre em seu caminho senão as palmas que aí tenhais deposto pelo vosso retorno ao bem, à caridade, à fraternidade, quando, então, o vosso mundo se tornará o paraíso terrestre. Mas, se permanecerdes insensíveis à voz dos Espíritos enviados para depurar e renovar a vossa sociedade civilizada, rica em ciências e, contudo, tão pobre de bons sentimentos, ah! então nos restará apenas chorar e gemer pela vossa sorte. Mas, não, assim não será. Voltai para Deus, vosso Pai, e todos nós que houvermos contribuído para o cumprimento da sua vontade entoaremos o cântico de ação de graças, a fim de agradecer ao Senhor por sua inesgotável bondade e glorificá-lo por todos os séculos dos séculos. Assim seja. - Lacordaire (Constantina, 1863.)


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