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segunda-feira, 7 de março de 2016

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo V - 01 a 05 - Bem-Aventurados os Aflitos


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01. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. - Bem-aventurados os famintos e os que têm sede de justiça, porque serão saciados. - Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos céus. (S. Mateus, 5:4 6 e 10.)

02. Bem-aventurados vós, que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. - Bem aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. - Felizes sois vós que agora chorais, porque rireis. (S. Lucas 6: 20 e 21.)

Mas ai de vós, ricos! que tendes no mundo a vossa consolação. - Ai de vós que estais saciados, porque tereis forme. Ai de vós que agora rides, porque gemereis e chorareis. (S. Lucas, 6: 24 e 25.)

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Justiça das aflições

3. As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra, só podem efetivar-se na vida futura. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso; mais ainda: seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, dificilmente se compreende a utilidade de sofrer para ser feliz. É, dizem, para se ter mais mérito. Mas, então, pergunta-se: por que uns sofrem mais do que outros? Por que alguns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa situação? Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir? Mas, o que se compreende menos ainda é ver os bens e os males tão desigualmente repartidos entre o vício e a virtude: e que os homens virtuosos sofram, ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e dar paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus.

Entretanto, desde que se admita Deus, não se pode concebê-lo sem o infinito das perfeições. Ele deve ser todo poder, todo justiça, todo bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente justo e bom, não pode agir por capricho, nem com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa e, visto que Deus é justo, essa causa há de ser justa. Eis o de que cada um deve bem se compenetrar. Deus encaminhou os homens na compreensão dessa causa pelos ensinos de jesus, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, revela-a inteiramente pelo Espiritismo, isto é pela vos dos Espíritos.

Causas atuais das aflições

4. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se quisermos, têm duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.

Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e da conduta dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!

Quantos se arruínam por fata de ordem, de perseverança, pelo mau proceder ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões infelizes, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade, e nas quais o coração não tomou parte alguma!

Quantas dissensões e disputas funestas se teriam evitado com mais moderação e menos suscetibilidade!

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excesso de todo gênero!

Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram as más tendências desde o princípio! Por fraqueza ou indiferença deixaram que neles se desenvolvessem os gérmens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem com a sua falta de respeito e a sua ingratidão.

Que todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes da vida interroguem friamente suas consciências: que remontem passo a passo à origem dos males que os afligem e verifiquem se, na maior parte das vezes, não poderão dizer: Se eu tivesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante situação.


A quem, portanto, deve o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a chance desfavorável, a má estrela, quando sua má estrela está na sua própria incúria.


Os males dessa natureza fornecem, seguramente, um notável contingente nas vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar pelo seu aprimoramento moral, tanto quanto o faz pelo seu melhoramento intelectual.

5. A lei humana atinge certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofre a consequência do que fez. Mas a lei não alcança, nem pode alcançar todas as faltas. Incide especialmente sobre as que trazem prejuízo à sociedade e não sobre as que só prejudicam os que a cometem. Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto. Não há uma só falta, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete consequências forçosas e inevitáveis. Daís se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. Os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar, a fim de evitar, futuramente, o que redundou para ele numa fonte de amarguras; se não fosse assim, não haveria motivo algum para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento e, por conseguinte, a sua felicidade futura.

Algumas vezes, porém, a experiência chega um pouco tarde. Quando a vida já foi desperdiçada e turbada, quando as forças já estão gastas e o mal é irremediável, o homem põe-se a dizer: "Se no começo da vida eu soubesse o que sei agora, quantos passos em falso teria evitado! Se tivesse que recomeçar, eu me portaria de maneira inteiramente diversa. No entanto, já não há mais tempo!" Como o operário preguiçoso que diz: "Perdi o meu dia", também ele diz: "Perdi a minha vida". Mas, assim como para o operário o Sol se levanta no dia seguinte, dando início a uma nova jornada que lhe permite reparar o tempo perdido, também para o home, após anoite do túmulo, brilhará o sol de uma nova vida, em que lhe será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.

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