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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Catarismo, Jan Huss e Kardec

(Os Cátaros e a  heresia católica. Hermínio C. Miranda. 3a edição. 2015 Editora Instituto Lachátre)

Jan Huss
"É oportuno assinalar neste ponto que o movimento ideológico suscitado por Jan Huss (a), no século 15, assumiria características semelhantes (b), extrapolando a área puramente religiosa para envolver-se no debate político-social, com vistas a uma reformulação ampla e profunda do modelo administrativo da sociedade, a começar pela educação. Esta, aliás, foi uma das tônicas da Reforma Protestante, no século 16, que assumiu como tarefa prioritária a reestruturação do ensino.

Allan Kardec
Apenas para lembrar: Huss, como os cátaros antes dele, foi também queimado vivo, em 1415. Pelas mesmas razões e da mesma maneira, seu amigo e discípulo Jerônimo de Praga foi executado pelo fogo no ano seguinte.

Outra curiosidade: Huss renasceria no início do século 19, em 1804, como Dénizard Rivail, o futuro Allan Kardec, para dar prosseguimento ao seu projeto renovador. A fogueira consome a matéria que constitui o corpo físico das pessoas, não o ser espiritual e nem as ideias que trazem para implementar no planeta que nos tem servido de morada desde tempos imemoriais."

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Minhas notas:

(a) Jan Huss ou John Huss (1369-1415): natural da Boêmia (atual Tchecoslováquia), mestre em filosofia pela Universidade de Praga. Posteriormente torna-se padre católico e pregador. Quando toma  conhecimento das proposições reformistas de John Wycliffe (d), passa a estudá-las e transforma-se em empenhado reformista em seu país natal. Submetido a interrogatório pela Igreja Católica, entre 1414 e 1415, Jan Huss negou-se a abrir mão de suas convicções. Foi condenado como herege pelo tribunal da Igreja e morreu queimado vivo em 6 de julho de 1415. Segundo a narrativa histórica, morreu cantando um hino religioso, como o faziam adeptos do cristianismo inicial quando condenados à morte nos circos romanos. Suas ideias proliferaram-se e seus seguidores passaram a não aceitar nenhum dogma ou ensinamento que não estivesse na Bíblia. Esse movimento foi um dos pilares da reforma protestante, abraçado por Lutero, cerca de um século depois.

(b) o autor refere-se ao catarismo (c);

(c) catarismo: nome dado ao modo de vida e às crenças de uma comunidade que habitou sobretudo sul da França, numa região denominada Languedoc, do final do século X até o início do século XIII. Essa comunidade procurava resgatar os valores do cristianismo primitivo, como a fraternidade pura e o amor ao próximo. Não dava valor aos dogmas do catolicismo, nem reconhecia autenticidade na autoridade eclesiástica. Por esses motivos acabaram perseguidos e barbaramente trucidados a mando do Papa, na cruzada contra os albigenses (encerrada em 1244, em Montségur, onde foram queimados vivos mais de duzentos cátaros, homens e mulheres, numa só fogueira gigantesca) e, posteriormente, durante a inquisição.

John Wycliffe
(d) John Wycliffe (1328-1384): teólogo inglês de renome, que defendia a reforma da Igreja Católica. Via inúmeras incompatibilidades entre procedimentos da Igreja e do clero e o modo de vida e os ensinamentos de Jesus e seus apóstolos. Notadamente, combatia a opulência, a riqueza e as propriedades da Igreja e do clero, entre diversos dogmas e normas aos quais se opunha.


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