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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo III, 9 a 12 - Mundos Felizes




9. Nos mundos que chegaram a um grau superior, as condições da vida moral e material são muito diferentes das que encontramos na Terra. A forma do corpo é sempre, como por toda parte, a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada. O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, por conseguinte, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações decorrentes da predominância da matéria. Os sentidos, mais apurados, têm percepções que a natureza dos nossos órgãos sufoca. A leveza específica do corpo permite locomoção mais rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, na superfície, ou plana na atmosfera, sem outro esforço que o da vontade, conforme são representados os anjos, ou como os antigos imaginavam os manes nos Campos Elíseos. Os homens conservam, a seu bel-prazer, os traços de suas migrações passadas e se mostram a seus amigos tais quais estes os conheceram, mas iluminados por uma luz divina, transfigurados pelas impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida irradiam esse brilho que os pintores traduziram pelo nimbo ou auréola dos santos.

A pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos já muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância. A vida, isenta de cuidados e angústias, é proporcionalmente muito mais longa do que na Terra. Em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento dos mundos. A morte nada tem dos horrores da decomposição; longe de causar pavor, é considerada uma transformação feliz, porque em tais mundos não existe a dúvida sobre o futuro. Durante a vida, a alma, já não estando encerrada na matéria compacta, irradia e goza de uma lucidez que a coloca em estado quase permanente de emancipação, permitindo a livre transmissão do pensamento.

Nesses mundos felizes, as relações, sempre amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição de subjugar o vizinho, nem pela guerra, que é a sua consequência. Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. A autoridade é sempre respeitada, porque somente é conferida pelo mérito e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é alcançar a classe dos Espíritos puros, não lhe constituindo um tormento esse desejo, mas uma nobre ambição que faz estudar com ardor para os igualar. Todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana lá se encontram engrandecidos e purificados. Os ódios, os ciúmes mesquinhos, as baixas cobiças da inveja são desconhecidos; um laço de amor e fraternidade une todos os homens: os mais fortes ajudam aos mais fracos. Possuem bens, em maior ou menor quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos por meio da inteligência, mas ninguém sofre pela falta do necessário, porque ninguém se encontra ali em expiação. Numa palavra, o mal não existe nesses mundos.

11. No vosso mundo, precisais do mal para sentirdes o bem; da noite para admirardes a luz; da doença para apreciardes a saúde. Naqueles outros, não há necessidade desses contrastes. A eterna luz, a eterna beleza, a paz eterna da alma proporcionam eterna alegria, que não é perturbada nem pelas angústias da vida material, nem pelo contato dos maus, que lá não têm acesso. Eis o que o espírito humano tem maior dificuldade em compreender: ele foi engenhoso para pintar os tormentos do inferno, mas nunca foi capaz de imaginar as alegrias do céu. Por quê? Porque, sendo inferior e só tendo experimentado dores e misérias, jamais entreviu as claridades celestes; só pode falar do que conhece. Porém, à medida que se eleva e se depura, o horizonte se lhe dilata e ele compreende o bem que está diante de si, como compreendeu o mal que deixou para trás.

12. Entretanto, esses mundos afortunados não são mundos privilegiados, visto que Deus não é parcial com nenhum de seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos. Faz que partam todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos outros; os primeiros postos são acessíveis a todos, cumprindo a eles conquistá-los pelo trabalho, alcançá-los o mais cedo possível, ou permanecer inativos durante séculos e séculos no lodaçal da Humanidade. (Resumo do ensino de todos os Espíritos superiores.)


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