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sábado, 11 de julho de 2015

A Sabedoria Antiga - Capítulo 2 - O Plano Astral - Parte 03

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Passemos à consideração do corpo astral humano durante o período da existência física. Estudaremos sua natureza e sua constituição, ao mesmo tempo que suas relações com o mundo astral. Para isto, tomaremos sucessivamente: a) o corpo astral de um homem pouco evoluído; b) o de um homem médio; c) o de um homem espiritualmente evoluído.

a) - O corpo astral de um homem pouco evoluído forma uma massa nebulosa mal organizada, vagamente delimitada. Encerra materiais (matéria astral e essência elemental) tirados de todas as subdivisões do plano astral, mas predominando neles fortemente os elementos do astral inferior. Por isso é de contextura e densidade espessas, apto a responder a todas as excitações que se prendem às paixões e aos apetites. As cores produzidas pelos ritmos vibratórios destes materiais são embaçadas, sombrias e lamacentas.

O pardo-escuro, o vermelho carregado, os verdes sujos são suas cores predominantes. Nenhum jogo de luz, nenhuma cintilação rápida de cores cambiantes em semelhante corpo astral. As diversas paixões aí se mostram sob a forma de ondas pesadas ou, quando são violentas, sob a forma de relâmpagos. Assim, a paixão sexual produzirá uma vaga de carmim-escuro; a cólera, um relâmpago vermelho e sinistro.

O corpo astral é maior que o corpo físico e se estende em torno dele em todos os sentidos, a 25 ou 30 centímetros, no exemplo que ora estudamos. Os centros dos órgãos sensoriais estão nitidamente assinalados e mostram atividades quando afetados pelo exterior; mas no estado de repouso, as correntes vitais são apáticas, e o corpo astral, não recebendo excitação nem do mental, permanece inerte e indiferente (1). uma característica constante do estado primitivo é que a atividade é determinada pela excitação exterior, antes que por iniciativa interior do ser consciente. Para que uma pedra se mova é necessário o impulso; uma planta se move sob a atração da luz e da umidade; um animal torna-se ativo quando a fome o aguilhoa. O homem fracamente desenvolvido tem necessidade de ser excitado de uma maneira análoga. É necessário que a mente esteja parcialmente evoluída para que comece a tomar a iniciativa da ação. Os centros das faculdades superiores (2), que funcionam independentemente dos sentidos astrais, são dificilmente visíveis. Neste estado, o homem tem necessidade, para sua evolução, de todas as espécies de sensações violentas, com o fim de sacudir sua natureza, excitando-o à atividade. Choques violentos, tanto de prazer, como de dor, oriundos do mundo exterior, são necessários para despertá-lo e conduzi-lo à ação.

Quanto mais numerosas e violentas são as sensações, mais seu crescimento é favorecido. Neste estado primitivo, pouco importa a qualidade: a quantidade e o vigor são as condições essenciais.

É no embate das paixões que nasce a moralidade do homem. Um leve movimento de abnegação em suas relações com a mulher, um filho ou um amigo constitui o primeiro passo na via ascendente. Este movimento provocará vibrações na matéria mais sutil do corpo astral, e atrairá uma maior proporção de essência elemental da mesma natureza. O corpo astral renova constantemente seus materiais sob a influência das paixões, dos apetites, dos desejos e das emoções. Todo o movimento bom fortifica as partes mais sutis deste corpo, expulsa alguns elementos grosseiros, fazendo aí entrar materiais mais delicados e atraindo em torno elementais de natureza benéfica, que auxiliam o processo de renovação. Todo ato mau produz efeitos diametralmente opostos. Tende a fortificar os elementos grosseiros, expulsando os elementais sutis; faz entrar no corpo astral materiais impuros e atrai elementais que ajudam o processo de deterioração.

No caso que ora encaramos, os poderes morais e intelectuais do homem são ainda tão embrionários que se pode dizer que a construção ou a modificação de sue corpo astral são antes executadas para ele do que por ele.

Estas operações dependem mais das circunstâncias exteriores que propriamente de sua vontade; porque, como já dissemos, o caráter distintivo dum baixo grau de evolução é que o homem é movido do exterior, é levado à ação por circunstâncias externas, tendo o corpo como intermediário, e não do interior, por sua mente. É indício dum progresso considerável o homem poder ser conduzido por sua vontade, por sua energia própria, por sua iniciativa, em lugar de ser arrastado pelo desejo, isto é, por uma resposta a uma atração ou a uma repulsão exterior.

Durante o sono, o corpo astral, servindo de invólucro ao ser consciente, desliza fora do organismo físico, deixando juntos os corpos grosseiros e etéricos adormecidos. Mas neste nível a consciência do homem não está ainda despertada no corpo astral, porque ela não pode aí encontrar nada semelhante aos contatos violentos que a sacodem quando está em sua forma física. Unicamente os elementais de natureza grosseira podem afetá-la, provocando no invólucro astral vibrações confusas que se refletem no cérebro etérico e grosseiro, onde despertam sonhos e sensualidade bestial. O corpo astral flutua pouco acima do corpo físico, mantido por sua poderosa atração sem se poder afastar dele absolutamente.

b) - No homem medianamente desenvolvido, sob o duplo ponto de vista intelectual e moral, o corpo astral manifesta um progresso imenso em relação ao tipo que acabamos de descrever. Suas dimensões são mais consideráveis, seus materiais de natureza diversa estão melhor distribuídos, e as essências mais sutis dão ao conjunto, devido à sua presença, uma certa qualidade luminosa; enquanto que a expressão das emoções superiores faz correr nele admiráveis emoções coloridas, serpenteando em forma de corrente circulatória. A forma do corpo não é mais tão vaga e indecisa como no caso precedente. É clara e precisa, e reproduz a imagem de seu possuidor.

Este corpo astral está evidentemente em vias de tornar-se um veículo prático para uso do homem interno, veículo perfeitamente organizado e estável, corpo apto a funcionar, prestes a servir, e capaz de se manter independentemente do corpo físico. Sempre conservando uma grande plasticidade, tem, entretanto, uma forma habitual, à qual volta invariavelmente, desde que cesse o esforço modificador do seu aspecto. Sua atividade é constante. Está em perpétua vibração, revestindo-se a todo instante de tons cambiantes que variam ao infinito.

Demais, as "rodas" (chakras) são claramente visíveis embora ainda não funcionem (3). Esta forma astral responde vivamente a todos os contatos que atravessam o corpo físico e é igualmente afetada pelas influências internas que procedem do ser consciente.

A memória e a imaginação estimulam, portanto, o corpo astral, e este, por sua vez, impele o corpo físico à ação, em lutar de ser exclusivamente movido por ele, como no caso precedente.

A purificação segue sempre a mesma marcha; expulsão dos elementos inferiores por meio da produção de vibrações contrárias e assimilação de materiais mais sutis em substituição aos que foram eliminados. Mas, presentemente, o desenvolvimento moral e intelectual do homem coloca esta construção quase inteiramente em suas próprias mãos, porque não é mais levado cegamente pelas excitações da natureza exterior, mas raciocina, julga e resiste ou cede, conforme o caso lhe parecer bom.

Pelo exercício de seu pensamento conscientemente dirigido, pode afetar profundamente seu corpo astral, cujo aperfeiçoamento se exerce daí em diante com uma rapidez crescente.

E para chegar a este resultado, não é necessário que o homem compreenda exatamente o modus operandi, assim como não tem necessidade, para ver, de conhecer as leis da óptica.

Durante o sono, este corpo astral bem desenvolvido se desprende de seu revestimento físico, mas não se mantém mais junto deste, como no caso precedente. Erra longe no mundo astral, levado sem direção pelas correntes astrais, ao passo que o ser consciente no interior do copro, incapaz ainda de dirigir seus movimentos, está, entretanto, despertado, ocupando-se em admirar e gozar suas próprias imagens e atividades mentais. Ele pode igualmente receber, através de seu invólucro astral, impressões que logo transforma em imagens mentais. Desta maneira, o homem adquire conhecimentos fora do corpo físico, e pode transmiti-los ao cérebro, sob a forma de sonhos ou visões. Embora o laço da memória e cerebral falte, os conhecimentos adquiridos poderão infiltrar-se insensivelmente até a consciência de vigília, onde se manifestarão sob a forma de noções intuitivas, de pressentimentos.

c) - O corpo astral de um homem espiritualmente desenvolvido compõe-se das partículas mais sutis de cada subdivisão da matéria astral, preponderando as qualidades mais elevadas. Este corpo forma um admirável conjunto, luminoso e colorido. Tons desconhecidos em nosso planeta surgem, sob os impulsos procedentes da inteligência purificada.

As "rodas de fogo" justificam agora o nome que possuem e seu movimento turbilhonário denota a atividade dos sentidos superiores. Um tal corpo é, na perfeita acepção do termo, um veículo da consciência.

No decurso da evolução, foi vivificado em cada um dos seus órgãos, e pouco a pouco foi sendo levado ao controle absoluto do seu professor. Quando, neste invólucro, o homem deixa seu corpo físico, não experimenta a menor solução de continuidade em seu estado de consciência. Simplesmente rejeita o mais pesado dos seus revestimentos e sente-se desembaraçado dum grande peso. Pode mover-se em todos os sentidos nos limites da esfera astral, com rapidez incrível, e já não é tolhido pelas estreitas condições de vida terrestre. Seu corpo obedece à sua vontade, refletindo o pensamento em todos os seus atos. Seus meios de servir à humanidade são mais poderosos, e seus poderes são guiados por sua virtude. De resto, a ausência de partículas grosseiras em seu corpo astral o torna incapaz de deixar-se seduzir pelos objetos inferiores do desejo.

Estas seduções não o podem atingir, e se desviam dele. Todo seu corpo vibra com as emoções mais elevadas, o amor se manifesta com abnegação e devotamento, a energia é determinada pela paciência.

Meigo, calmo, sereno, cheio de pode, mas sem o menor traço de agitação, tal é o homem "a quem todos os siddhis (4) estão prontos a servir" (5).

O corpo astral é uma ponte lançada sobre o abismo que separa o cérebro físico e a consciência humana. As impressões, recebidas pelos órgãos sensoriais e transmitidas, como já vimos, aos centros grosseiros e etéricos, passam em seguida aos centros astrais correspondentes. Aí são elaboradas pela essência elemental, e transformadas em sensações, para serem, finalmente, apresentadas ao homem interior como objetos de sua consciência; tais sensações despertam vibrações correspondentes no plano mental por intermédio das vibrações astrais (6). Por meio destas gradações sucessivas do espírito-matéria, de sutilidade crescente, os grosseiros contatos dos objetos terrestres podem ser transmitidos ao ser consciente. Depois, ao voltarem as vibrações determinadas pelo pensamento, podem passar na mesma linha até o cérebro físico, para aí despertar vibrações físicas correspondentes às vibrações mentais. Tal é o modo normal e regular segundo o qual a consciência recebe as impressões do exterior e envia em troca impressões para o exterior. É sobretudo por essa passagem contínua de vibrações, tanto em um como em outro sentido, que o corpo astral vai evoluindo. Esta dupla corrente atua sobre ele simultaneamente do interior e do exterior; determina sua organização e auxilia seu crescimento geral.

Á medida que o corpo astral se desenvolve, a sua contextura refina-se, a sua forma exterior ganha em limpidez e sua organização interna acentua-se. Obrigado a vibrar com a consciência de uma perfeição cada vez maior, torna-se gradualmente apto a servir-lhe de veículo separado, e a transmitir-lhe com precisão as vibrações recebidas diretamente do mundo astral. A maior para dos meus leitores terão, sem dúvida, alguma experiência destas impressões que procedem duma fonte exterior sem que se possa atribuí-las a nenhum contato físico, e que não tardam, geralmente, a ser confirmadas por acontecimentos reais. Muitas vezes são estas impressões diretamente recebidas pelo corpo astral e por ele transmitidas à consciência; tais impressões se mostram frequentemente sob a forma de previsões, que em breve se verificam.

Quando o homem é adiantado (o grau varia muito, conforme os indivíduos, por motivos que não podemos aqui penetrar) pode estabelecer comunicações entre o corpo físico e o astral, e entre este e o mental.

Desde então a consciência passa sem interrupção de um estado a outro e a memória não apresenta mais essas lacunas que, no homem ordinário, interpõem uma fase de inconsciência à passagem de um ponto para outro. Ainda mais, o homem pode exercer livremente seus sentidos astrais, enquanto sua consciência funciona no corpo físico. Outras vias de informações mais amplas, abertas pelos sentidos hiperfísicos, tornam-se o apanágio de sua consciência, no estado de vigília.

Os assuntos que eram outrora para ele objeto somente de crença, tornam-se matéria de conhecimento, e pode verificar pessoalmente a exatidão duma grande parte dos ensinamentos teosóficos com relação às regiões inferiores do mundo invisível.

Sendo o homem dividido em "princípios", isto é, em modalidades de manifestações da vida, seus quatro princípios inferiores, designados pelo nome de "Quaternário inferior", são aptos para funcionar no plano astral e no plano físico. O quarto princípio é então Kama, o desejo, isto é, a vida, funcionando no corpo astral e por ele condicionada.

Este princípio é característico pelo atributo da sensibilidade que se manifesta sob a forma rudimentar da sensação ou sob a forma complexa da emoção, ou sob um qualquer desses modos intermediários. Tudo isso resumido pelo termo "desejo", aquilo que é atraído ou repelido pelos objetos conforme dão prazer ou dor ao "eu" pessoal. O terceiro princípio é "Prana", a vida especializada para manutenção do organismo físico. O segundo princípio é o "duplo etérico", e o primeiro, o corpo grosseiro. Esses três últimos princípios funcionam no plano físico.

Em suas classificações ulteriores, H. P. Blavatski eliminou da lista dos princípios "prana" e o corpo físico grosseiro; "prana", como sendo a vida universal, e o corpo físico grosseiro, como sendo apenas uma contraparte do corpo etérico, formado de materiais sempre mutáveis e inconstantes, ligados a uma matriz etérica. Ao adotarmos esta maneira de ver, alcançamos a grandiosa concepção filosófica da Vida Una, do Eu Uno, manifestado como homem e apresentando aspectos diversos e transitórios conforme que lhe impõem as formas verificadas.

A mesma vida permanece idêntica ao centro, embora se manifeste sob aparências diversas, quando a contemplamos de fora, conforme o gênero de matéria que encerra ou um ou outro dos corpos. A vida é no corpo físico prana - que vitaliza, dirige e coordena. No corpo astral é kama - que sente, goza e sofre. Encontramo-la ainda sob outros aspectos nos planos mais elevados, mas a ideia fundamental é a mesma em toda parte e é esta uma das ideias radicais da teosofia, uma destas ideias que, claramente compreendidas, servem de fios condutores através do labirinto complexo do nosso mundo.

VER PRÓXIMO CAPÍTULO >>>

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Notas da Autora:
(1) O estudante reconhecerá predominância da "guna tamásica" (a), a qualidade de obscuridade e de inércia da natureza.

(2) O sete chakras ou rodas. Estes centros são assim chamados pelo aspecto turbilhonante que apresentam, semelhantes a rodas de fogo vivo, quando estão em atividade.

(3) O estudante notará aqui a predominância da "guna rajásica" (b), qualidade "atividade" da Natureza.

(4) Os "siddhis" são os poderes hiperfísicos.

(5) Aqui a "guna satávica", a qualidade harmônico, felicidade (c) e pureza na natureza, é preponderante.

(6) Ver capítulo IV: O plano mental.

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Minha notas

(a), (b) e (c) "tamásica" é uma referência a "tamas", "rajásica", referência a "rajas" e "satávica" é uma referência a "sattwa", as três "gunas" ou "qualidades da matéria", segundo o ensinamento oriental. Para ler mais sobre as gunas, no Bhagavad~Ghîtâ, CLIQUE AQUI.



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