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domingo, 24 de agosto de 2014

As Considerações do Dr. Bezerra

(Dr. Bezerra de Menezes, em Obsessão e Cura, de Inácio Ferreira, psicografado por Carlos A. Baccelli)

- Em verdade, - deu sequência o venerável Benfeitor - ninguém lesa a alguém sem lesar a si mesmo; o mal que fazemos aos outros não é mais real em nossas vítimas do que em nós... Torna-se imprescindível que aprendamos a perdoar, porquanto somente o perdão nos libera a consciência dos dramas do remorso e não nos vincula àquele que nos fere. Quem não perdoa tem menos justificativas do que quem se converteu em algoz, porquanto o agente de qualquer agressão age sob a inspiração do desequilíbrio, ao passo que, na maioria das vezes, a vítima possui lucidez suficiente para entender quem se desmanda no erro... Se o Cristo não tivesse perdoado, o seu sacrifício na cruz não teria se transformado em instrumento de redenção da Humanidade! O perdão, porém, não se limita a um jogo de palavras ditas ao sabor de certas conveniências; o perdão com o qual não nos identificamos não nos expressa a sinceridade dos sentimentos e não toca as almas que necessitamos convencer quanto à transparência dos nossos propósitos. A obsessão é um dos principais entraves na marcha ascensional do espírito, porquanto é uma doença que se propaga dos Dois Lados da Vida - tanto está enfermo o obsidiado quanto o obsessor, estejam eles encarnados ou desencarnados... A obsessão se alimenta do ódio recíproco dos seus protagonistas, que se manifesta de forma consciente ou inconsciente. Somente o perdão é a força capaz de anular a intensidade com que ela escraviza e submete os que se lhe rendem ao poder; sem amor no coração, o homem jamais será livre!...

(...)

- Quem não se exercita em desculpar os pequenos aborrecimentos do cotidiano vai acumulando mágoas no espírito e se transforma em fonte de amargura... O orgulho ferido é foco infeccioso que compromete a saúde da alma. Quem não cede em seus pontos de vista e desconhece a própria fragilidade, mostra-se inflexível e intolerante, gleba propícia onde haverá de se desenvolver o joio, que compromete a colheita do trigo mais promissora... Filhos, não temos outro recurso para auxiliar os companheiros que se precipitaram nos abismos do ressentimento, senão o poder da palavra que nos vibre, sincera, no coração e o da atitude coerente em que procuremos nos pautar... Não olvidemos que os nossos irmãos obsessores e obsidiados nos escutam e nos observam, de longe ou de perto, na expectativa de se convencerem para que, finalmente, mudem de vida. Somos, portanto, responsáveis e não podemos nos omitir, como quem não esteja diretamente comprometido. A rigor, o que o Cristo teria a ver com as nossas mazelas? Por que o seu supremo esforço, na palavra e no exemplo, tanto quando ensinava nos montes a Boa Nova quanto quando expirava de braços abertos no lenho? Não aguardemos resultados imediatos, de vez que há quase vinte séculos o Senhor espera que a sua Divina Semente floresça em nossa alma... Para os homens que constituem a Humanidade, são diversos os níveis de convencimento no que se refere à autenticidade da tarefa do Mestre Amado. Raros os que já se lhe entregaram completamente, pois a grande maioria ainda permanece tentando lhe avaliar a grandeza de espírito. A figura do Cristo lhes causa tanto espanto e incredulidade, que chegam a questionar a veracidade da existência Daquele que é Caminho, a Verdade e a Vida...

(...)

- Filhos, tenhamos paciência e não desistamos daqueles que, um dia, retomarão a lucidez e, então, haverão de trabalhar redobradamente na ânsia de recuperar o tempo desperdiçado. Os maiores desafetos, hoje, podem ter sido grandes amigos ontem, quanto deverão voltar a sê-lo amanhã. Não nos iludamos. Somente o Amor, que traduz a essência de Deus, é de natureza eterna. Todos os sentimento adversos são experiências que vivenciamos, quando fazemos opção pelas sinuosas sendas que nos afastam da estrada retilínea que o Senhor nos aponta. Egoísmo e orgulho, inveja e ciúme, vaidade e personalismo são manifestações transitórias de nossa imaturidade espiritual e haverão de passar... Assim como o corpo físico ainda se submete a constante aperfeiçoamento no laboratório da evolução, aprimorando o funcionamento dos órgãos e o quimismo do mundo celular, o espírito, à semelhança do nobre metal, submete-se ao cadinho esfogueante das provas que faceia, com a finalidade de se ver livre da gana que lhe enodoa a existência. Sejam quais forem os empecilhos, que o desânimo não nos faça retroceder ou cruzar os braços, ante os casos complexos de obsessão aos quais somos chamados a socorrer, vacinando-nos contra as perturbações a que estamos sujeitos... Enquanto não nos integrarmos mentalmente nas lições do Senhor, todos estaremos sujeitos a recaídas na noite incomensurável da desventura. Conversemos edificando e esclarecendo; não ocultemos dos outros as nossas reais intenções no propósito de socorrê-los; não nos esmoreçamos na palavra, olvidando a importância do exemplo; recebamos com humildade as críticas que nos sejam endereçadas; tomemos a iniciativa de servir principalmente àqueles que nos inspiram indiferença; oremos pelos que nos perseguem e caluniam... Dizíamos, tudo o que não se identifique com a luz haverá de passar e se perder na sombra do inexistente. Não valorizemos a imagem que se reflete no espelho mais do que o próprio objeto que nele se retrata... Movimentemo-nos no bem de todos e todas as circunstâncias adversas concorrerão para a vitória do ideal que abraçamos. O mal, seja qual for a forma pela qual se insinue, está a serviço do bem para exaltar-lhe a grandeza. o objetivo da morte é a exaltação da vida e, sem a vida que exalta, careceria do menor fundamento e ninguém lhe perceberia sequer a existência fictícia. O espinho destaca a beleza e a transcendência da rosa, e não o contrário... Assim como o espinho existe em função da rosa, a morte existe em função da vida! Que o Senhor seja para todo o sempre louvado!...


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