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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Capítulo XIV - 9 - Honrai a vosso Pai e vossa Mãe

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS

A ingratidão dos filhos e os laços de família

9.  A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso. É especialmente desse ponto de vista que vamos considerar, para analisar suas causas e seus efeitos. Nesse ponto, como em todos os outros, o Espiritismo projeta luz sobre um dos grandes problemas do coração humano.

Quando deixa a Terra, o Espírito leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza e se aperfeiçoa no espaço, ou permanece estacionário, até que deseje ver a luz. Muitos, portanto, se vão cheios de ódios violentos e de desejos de vingança não saciados: mas, é permitido que alguns dentre eles, mais adiantados do que os outros, entrevejam uma partícula da verdade; reconhecem então as funestas conseqüências de suas paixões e são induzidos a tomar boas resoluções. Compreendem que, para chegarem a Deus, só há uma senha: caridade. Ora, não há caridade sem esquecimento dos ultrajes e das injúrias; não há caridade sem perdão, nem com o coração tomado de ódio.

Então, mediante esforço extraordinário, tais Espíritos conseguem observar aqueles a quem odiaram na Terra. Ao vê-los, porém, a animosidade desperta no íntimo de cada um: revoltam-se à idéia de perdoar e, ainda mais, à de abdicarem de si mesmos, principalmente à de amarem os que talvez lhes tenham destruído a fortuna, a honra, a família. Entretanto, o coração desses infelizes está abalado. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se predomina a boa resolução, oram a Deus, imploram aos Espíritos bons que lhes dêem forças no momento mais decisivo da prova.

Finalmente, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens supremas permissão para preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se. Qual será o seu procedimento na família escolhida? Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O contato incessante com os seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual sucumbe algumas vezes, se não tiver ainda a vontade bastante forte. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou o inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver. É assim que se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam em certas crianças e que nenhum ato anterior parece justificar. Nada, com efeito, naquela existência pôde provocar semelhante antipatia: para compreender-lhe a causa é preciso que se lance o olhar sobre o passado.

Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade: compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma: esta é a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se a cumprirdes fielmente. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem estar futuro. Lembrai-vos de que Deus perguntará a cada pai e a cada mãe: Que fizestes do filho confiado a vossa guarda? Se ele se conservou atrasado por culpa vossa, tereis como castigo vê-lo entre os Espíritos sofredores, quando dependia de vós que fosse feliz. Então, vós mesmos, torturados de remorsos, pedireis para reparar a vossa falta: solicitareis, para vós e para ele, uma nova encarnação, na qual o cercareis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos envolverá com o seu amor.

Não desprezeis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Uma intuição imperfeita do passado se revela, pelo que podeis deduzir que um ou outro sá odiou muito, ou foi muito ofendido: que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães, abraçai o filho que vos dá desgotos e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei por merecer os gozos divinos que Deus associou à materidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! muitas dentre vós, em vez de eliminar pela educação os maus princípios inatos de existências anteriores, alimentam e desenvolvm esses mesmos´princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.

A tarefa não é tão difícil quanto poderieis imaginar. Não exige o saber do mundo; tanto o sábio, quanto o ignorante, podem desempenhá-la, e o Espiritismo vem facilitar o seu desempenho, dando a conhecer a cuasa das imperfeições do coração humano.

Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior, devendo os pais aplicar-se em estudá-los. Todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores sinais que revelam o gérmen de tais vícios e tratem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que arranca os brotos defeituosos à medida que os vê apontar na árvore. Se deixarem que se desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem de serem pagos mais tarde com a ingratidão. Os pais que fizeram tudo pelo adiantamento moral de seus filhos e não lograram o êxito desejado, não têm por que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranquila a consciência. em compensação à amargura muito natural que então experimentam pelo insucesso de seus esforços, Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, e que lhes será concedido concluir em outra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os compensará com seu amor. (Cap. XIII, item 19.)

Deus não dá prova superior às forças daquele que a pde; só permite as que podem ser cumprids. Se alguém não consegue cumpri-las, não é que lhe falte possibilidade: falta a vontade. De fato, quantos há que, em vez de resistirem às más inclinações, se comprazem nelas. É a esses que ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chegará o dia em que o culpado se cansa de sofrer e em que o seu orgulho é finalmente abatido: Deus, então, abre os braços paternais ao filho pródigo que se lança a seuse pés. As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus. É um momento supremo, no qual sobretudo, o que importa é o Espírito não falir murmurando, se não quiser perder o fruto de tais provas e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus a oportunidade que vos proporciona de vencerdes, a fim de vos outorgar o prêmio da vitória. Então, saireis do turbilhão do mundo terrestre para entrardes no mundo dos Espíritos e aí serdes aclamados como o soldado que sai triunfante da luta.

De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração. Alguém que suporta com coragem a miséria e as privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, torturado pela ingratidão dos seus. Oh! que pungente angústia essa! Mas, quem pode, em tais cicunstâncias, restabelecer melhor a coragem moral, se não o conhecimento das causas do mal e a certeza de que não há desesperos eternos, apesar dos dilaceramentos da alma?  Pois não é possível que seja da vontade de Deus que a sua criatura sofra indefinidamente. Que há de mais reconfortante, de mais animador do que a idéia de que depende dos esforços de cada um abreviar o sofrimento, mediante a destruição, em si, das causas do mal? Para isso, porém, é preciso que o homem não detenha o olhar na Terra e só veja uma existência; que se eleve, a pairar no infinito do passado e do futuro. Só então, a justiça infinita de Deus se vos revela, e esperais com paciência, porque encontrais explicação para o que na Terra vos parecia verdadeiras monstruosidades. As feridas que aí recebeis não os parecem mais do que simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem sob sua verdadeira luz; já não são apenas os laços frágeis da matéria a ligar os seus membros, mas os laços duradouros do Espírito, que se perpetuam e consolidam ao se depurarem, em vez de se desfazerem pela reencarnação.

Os Espíritos que a analogia dos gostos, a identidade do progresso moral e a afeição induzem a reunir-se formam famílias. esses mesmos Espíritos, em suas migrações terrenas, se buscam, para se gruparem, como ofazem no espaço, originando-se daí as famílias unidades e homogêneas. Se, nas suas peregrinações, acontece ficarem temporariamente separados, mais tarde tornam a encontrar-se, felizes pelos novos progressos que realizaram. Mas, como não devem trabalhar apenas para si, Deus permite que Espíiritos menos adiantados encarnem entre eles, a fim de receberem conselhos e bons exemplos, a bem de seu progresso. Por vezes esses Espíritos se tornam causa de perturbalção, mas aí é que está a prova, aí é que está a tarefa. Acolhei-os, portanto, como irmãos, ausiliai-os e, mais tarde, no mundo dos Espíiritos, a família se felicitará de ter salvado náufragos que, por sua vez, poderão salvar outros. - Santo Agostinho, - (Paris, 1862.)

21/08/2012 - A partir das 15:30 h, após oração.

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